SIMBOLISMO
Simbolismo é uma tendência literária da poesia e
das outras artes que surgiu na França, no final do século XIX, como
oposição ao Realismo, ao Naturalismo e ao
Positivismo da época.
Histórico e características
A partir de 1881, na França, poetas,
pintores, dramaturgos e escritores em geral, influenciados pelo misticismo
advindo do grande intercâmbio com as artes, pensamento e religiões orientais -
procuram refletir em suas produções a atmosfera presente nas viagens a que se
dedicavam.
Marcadamente individualista e
místico, foi, com desdém, apelidado de "decadentismo" -
clara alusão à decadência dos valores estéticos então vigentes e
a uma certa afetação que neles deixava a sua marca. Em 1886 um manifesto trouxe a denominação que viria marcar definitivamente os
adeptos desta corrente: simbolismo.
Principais características
Subjetivismo Os simbolistas terão
maior interesse pelo particular e individual do que pela visão mais geral. A
visão objetiva da realidade não desperta mais interesse, e, sim, está
focalizada sob o ponto de vista de um único indivíduo. Dessa forma, é uma
poesia que se opõe à poética parnasiana e se reaproxima da estética romântica,
porém, mais do que voltar-se para o coração, os simbolistas procuram o mais
profundo do "eu" e buscam o inconsciente, o sonho.
Musicalidade A musicalidade é uma
das características mais destacadas da estética simbolista, segundo o
ensinamento de um dos mestres do simbolismo francês, Paul Verlaine, que em
seu poema "Art Poétique", afirma: "De la musique avant toute
chose..." (" A música antes de mais nada...") Para conseguir
aproximação da poesia com a música, os simbolistas lançaram mão de alguns
recursos, como por exemplo a aliteração, que
consiste na repetição sistemática de um mesmo fonema consonantal, e a assonância,
caracterizada pela repetição de fonemas vocálicos.
Transcendentalismo Um dos princípios básicos dos
simbolistas era sugerir através das palavras sem nomear objetivamente os
elementos da realidade. Ênfase no imaginário e na fantasia. Para interpretar a
realidade, os simbolistas se valem da intuição e não da razão ou da lógica.
Preferem o vago, o indefinido ou impreciso. O fato de preferirem as palavras névoa,
neblina, e palavras do genêro, transmite a idéia de uma Obsessão pelo
branco (outra característica do simbolismo) como podemos observar no poema
de Cruz e Sousa:
"Ó Formas alvas, brancas, Formas
claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas vagas, fluidas,
cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras..." [...]
Dado esse poema de Cruz e Sousa,
percebe-se claramente uma obsessão pelo branco, sendo relatado com grande
constância no simbolismo.
Literatura do simbolismo
Os temas são místicos, espirituais,
ocultos. Abusa-se da sinestesia,
sensação produzida pela interpenetração de órgãos sensoriais: "cheiro
doce" ou "grito vermelho", das aliterações (repetição de
letras ou sílabas numa mesma oração: "Na messe que estremece") e das assonâncias,
repetição fônica das vogais: repetição da vogal "e" no mesmo exemplo
de aliteração, tornando os textos poéticos simbolistas profundamente musicais.
O Simbolismo em Portugal liga-se às
atividades das revistas Os Insubmissos e Boêmia Nova, fundadas
por estudantes de Coimbra, entre eles Eugênio de Castro, que ao publicar um
volume de versos intitulado Oaristos, instaurou essa nova estética em Portugal. Contudo, o
consolidador estará, a esse tempo, residindo verdadeiramente no Oriente -
trata-se do poeta Camilo Pessanha, venerado pelos jovens poetas que irão
constituir a chamada Geração Orpheu.O movimento simbolista durou
aproximadamente até 1915,
altura em que se iniciou o Modernismo.
Escritores simbolistas Pode-se dizer que o
precursor do movimento, na França, foi o poeta francês Charles Baudelaire com "As Flores do Mal", ainda em 1857.
Mas só em 1881 a nova manifestação é
rotulada, com o nome decadentismo, substituído por Simbolismo em manifesto
publicado em 1886. Espalhando-se pela Europa, é na França, porém, que tem seus
expoentes, como Paul Verlaine, Arthur Rimbaud e Stéphane Mallarmé.
Portugal Os nomes de maior destaque no Simbolismo português são: Camilo Pessanha,
António Nobre, Augusto Gil e Eugénio de Castro.
Brasil dois grandes poetas
destacaram-se dentro do movimento simbolista: Cruz e Sousa, e Alphonsus de
Guimaraens.
SIMBOLISMO NO BRASIL
A publicação de Broquéis e Missal (1893), de
João da Cruz e Souza, inaugura este movimento, que se caracteriza por melancolia,
gosto dos ritmos fluidos e musicais, incluindo o uso de versos livres; uso de
imagens incomuns e ousadas. O cuidado na evocação das cores e de
seus múltiplos matizes mostra, também, uma influência do Impressionismo.
Alphonsus de Guimaraens (Câmara ardente) é um outro
grande nome desse período. O simbolista tardio Guilherme de Almeida (Eu e você)
funciona como uma ponte entre essa fase e o pré-modernismo. Uma figura isolada
é Augusto dos Anjos (Eu e outras poesias), fascinado pelo vocabulário e os
conceitos da ciência e da filosofia, que faz uma poesia de reflexão metafísica
e de denúncia da injustiça social.
João da Cruz e Souza (1861-1898), filho de escravos
libertos, luta pelo abolicionismo e contra o preconceito racial. Muda-se de
Santa Catarina para o Rio de Janeiro, onde trabalha na Estrada de Ferro Central
e colabora no jornal Folha Popular. A sua poesia é marcada pela sublimação do
amor e pelo sofrimento vindo do racismo, da pobreza, da doença. Renova a poesia
no Brasil com Broquéis e Missal. Em Últimos sonetos trata a morte como a única
forma de alcançar a liberação dos sentidos.
CONTEXTO
O Simbolismo - que também foi chamado de
Decadentismo, Impressionismo, Nefelibatismo - surgiu na França, por volta de
1880, e de lá difundiu-se internacionalmente, abrangendo vários ramos
artísticos, principalmente a poesia. O período era de profundas modificações
sociais e políticas, provocadas fundamentalmente pela expansão do
capitalismo, na esteira da industrialização crescente, e que convergiram para,
dentre outras consequências, a I Guerra Mundial. Na Europa haviam germinado
ideias científico-filosóficas e materialistas que procuravam analisar
racionalmente a realidade e assim apreender as novas transformações; essas ideias,
principalmente as do positivismo, influenciaram movimentos literários como o
Realismo e o Naturalismo, na prosa, e o Parnasianismo, na poesia.
No entanto, os triunfos materialistas e científicos
não eram compartilhados ou aceitos por muitos estratos sociais, que haviam
ficado ao largo da prosperidade burguesa característica da chamada "belle
époque"; pelo contrário, esses grupos alertavam para o mal-estar
espiritual trazido pelo capitalismo. Assim, como afirmou Alfredo Bosi, "do
âmago da inteligência europeia surge uma oposição vigorosa ao triunfo da coisa
e do fato sobre o sujeito - aquele a quem o otimismo do século prometera o
paraíso mas não dera senão um purgatório de contrastes e frustrações". A
partir dessa oposição, no campo da poesia, formou-se o Simbolismo.
O movimento simbolista tomou corpo no Brasil na
década de 1890, quando o país passava também por intensas e radicais
transformações, ainda que diversas daquelas vivenciadas na Europa. O advento da
República e a abolição da escravatura modificaram as estruturas políticas e
econômicas que haviam sustentado a agrária e aristocrática sociedade brasileira
do Império. Os primeiros anos do regime republicano, de grande instabilidade
política, foram marcados pela entrada em massa de imigrantes no país, pela
urbanização dos grandes centros - principalmente de São Paulo, que começou a
crescer em ritmo acelerado -, e pelo incremento da indústria nacional.
Nas
cidades, a classe média se expandiu, enquanto a operária começou a tornar-se
numerosa. No campo, aumentaram as pequenas
propriedades produtivas e o colonato. A jovem república federativa, que
ainda definia os limites de seu território, conheceu a riqueza efêmera da
borracha na Amazônia e a prosperidade trazida pela diversificação da produção
agrícola no Rio Grande do Sul. Mas era o café produzido no Centro-Sul a força
motriz da economia brasileira, e de seus lucros alimentou-se a poderosa burguesia
que determinava o destino de grande parte dos projetos políticos, financeiros e
culturais do país.
No Brasil ainda sustentado pela agricultura e
dependente de importações de produtos manufaturados, máquinas e equipamentos, a
indústria editorial engatinhava. O público leitor era reduzido, já que a maior
parte da população era analfabeta. As poucas editoras existentes
concentravam-se no Rio de Janeiro e lançavam autores de preferência já
conhecidos do público, em tiragens pequenas, impressas em Portugal ou na
França, e mal distribuídas. Era principalmente nas páginas de periódicos que
circulavam as obras literárias, e onde se debatiam os novos movimentos
estéticos que agitavam os meios artísticos. Foi por meio do jornal carioca
Folha Popular que formou-se o grupo simbolista liderado por Cruz e Souza,
provavelmente o mais importante a divulgar a nova estética no país.
Também por força dessas circunstâncias, muitos
autores do período colaboraram como cronistas para jornais e revistas,
atividade que contribuiu para a profissionalização do escritor brasileiro. Raul
Pompéia, ficcionista ligado ao Realismo, foi um deles, e abordou importantes
acontecimentos e debates da época em suas crônicas, como a questão do Voto
Feminino e Voto Estudantil ou os problemas da Viação Urbana. Além dos
periódicos, as conferências literárias eram outra fonte de renda e de
divulgação para os autores brasileiros, que também costumavam freqüentar salões
artísticos promovidos por membros da elite, como a Vila Kyrial de José de Freitas
Vale, senador, mecenas e autor de versos simbolistas que posteriormente
patroneou autores modernistas.
Os simbolistas contribuíram muito para a evolução
do mercado de periódicos, pois lançaram grande número de revistas, em vários
estados brasileiros. Ainda que os títulos durassem, na maioria das vezes,
apenas alguns números, o que é também indicativo da fragilidade do mercado
editorial e da cena literária, representaram grande avanço no setor,
notavelmente pelo apuro gráfico. Dentre os periódicos simbolistas destacam-se
as cariocas Rio-Revista e Rosa-Cruz, as paranaenses Clube Curitibano e O
Cenáculo, as mineiras Horus e A Época, a cearense A Padaria Espiritual, a
baiana Nova Cruzada, entre muitas outras. No começo do século XX, foram
publicadas revistas que ficariam famosas pela qualidade editorial e gráfica,
como Kosmos e Fon-Fon!. As inovações formais e tipográficas praticadas pelos
simbolistas, como os poemas figurativos, as páginas coloridas, os livros-estojo
exigiam grande requinte técnico e, por conseqüência, terminaram por ajudar a
melhorar a qualidade da indústria gráfica no país.
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Os poetas simbolistas acreditavam que a realidade é
complexa demais pra ser apreendida e descrita de maneira objetiva e racional,
como pretendiam os realistas e parnasianos. Eles voltaram-se para o universo
interior e os aspectos não-racionais e não lógicos da vida, como o sonho, o
misticismo, o transcendental. Propunham o exercício da subjetividade contra a
objetividade - retomando, de modo diferente, o individualismo romântico.
É preciso diferenciar, todavia, poesia simbolista
de poesia simbólica. Como afirma o crítico Afrânio Coutinho, "nem toda
literatura que usa o símbolo é simbolista. A poesia universal é toda ela na
essência simbólica".
O Simbolismo, para Coutinho, "posto não
constituísse uma unidade de métodos, antes de ideais, procurou instalar um
credo estético baseado no subjetivo, no pessoal, na sugestão e no vago, no
misterioso e ilógico, na expressão indireta e simbólica. Como pregava Mallarmé,
não se devia dar nome ao objeto, nem mostrá-lo diretamente, mas sugeri-lo,
evocá-lo pouco a pouco, processo encantatório que caracteriza o símbolo."
No Brasil, onde o Parnasianismo dominava o cenário
poético, a estética simbolista encontrou resistências, mas animou a criação de
obras inovadoras. Desde o final da década de 1880 as obras de simbolistas
franceses, entre eles Baudelaire e Mallarmé, e portugueses, como Antonio Nobre
e Camilo Pessanha, vinham influenciando grupos como aquele que se formou em
torno da Folha Popular, no Rio, liderado por Cruz e Souza e integrado por
Emiliano Perneta, B. Lopes e Oscar Rosas. Mas foi com a publicação, em 1893, de
Missal, livro de poemas em prosa, e Broquéis, poemas em versos, ambos de Cruz e
Souza, que principiou de fato o movimento simbolista no país - embora a
importância desses livros e do próprio movimento só tenha sido reconhecida bem
mais tarde, com as vanguardas modernistas.
Entre as inovações formais que caracterizam o Simbolismo
estão a prática do verso livre, em oposição ao rigor do verso parnasiano, e o
uso de "uma linguagem ornada, colorida, exótica, poética, em que as
palavras são escolhidas pela sonoridade, ritmo, colorido, fazendo-se arranjos
artificiais de parte ou detalhes para criar impressões sensíveis,
sugerindo antes que descrevendo e explicando", de acordo com Afrânio
Coutinho.
Traços formais característicos do Simbolismo
são a musicalidade, a sensorialidade, a sinestesia (superposição de
impressões sensoriais). O antológico poema Antífona, de Cruz e Souza, é
exemplar nesse sentido; sugestões de perfumes, cores, músicas perpassam todo o
poema, cuja linguagem vaga e fluida é plena de recursos sonoros como
aliterações e assonâncias. Há também em Antífona referências a elementos
místicos, ao sonho, a mistérios, ao amor erótico, à morte, os grandes temas
simbolistas.
Ainda com relação à forma, o soneto foi cultivado
pelos simbolistas, mas não com a predileção manifestada pelos parnasianos, nem
com sua paixão descritiva. Em sonetos como Incenso, de Gilka Machado, e
Acrobata da Dor, de Cruz e Souza, está presente a linguagem que sugere, em
lugar de nomear ou descrever, além de elementos como o questionamento da razão,
a dor da existência, o interesse pelo mistério, a transcendência espiritual, que
são característicos do Simbolismo. Lembre-se a propósito, também, do
poema O Soneto, de Cruz e Souza, em que a linguagem poética simbolista
transfigura e recria a forma da composição soneto.
É importante lembrar que as correntes simbolistas e
parnasianas coexistiram e se influenciaram mutuamente; assim, há na obra de
adeptos do Simbolismo traços da estética parnasiana e, do mesmo modo,
impregnações simbolistas na obra de poetas ligados ao Parnasianismo, como
Francisca Júlia.
O Simbolismo e o Parnasianismo, segundo José
Aderaldo Castello, projetaram-se nas primeiras décadas do século XX,
"deixando importante legado para herdeiros que se fariam grandes poetas do
Modernismo". O Simbolismo, porém, "mais do que os adeptos da poesia
‘científico-filosófica’ e realista, provocou o debate, aguçando o confronto de
gerações."
Os principais autores simbolistas brasileiros são
Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens, mas merecem destaque também Gilka
Machado e Augusto dos Anjos.
Cruz e Souza é considerado o
maior poeta simbolista brasileiro, e foi mesmo apontado pelo estudioso Roger Bastide
como dos maiores poetas do Simbolismo no mundo. Para a crítica Luciana
Stegagno-Picchio, "ao firme, sapiente universo do parnasiano, à estátua,
ao mármore, mas também ao polido distanciamento e ao sorriso, o simbolista Cruz
e Souza contrapõe seu universo sinuoso, mal seguro, inquietante, misterioso,
alucinante". Negro, o poeta sofreu preconceitos terríveis, que marcaram de
diversos modos sua produção poética. Os críticos costumam indicar a
"obsessão" pela cor branca em seus versos, repletos de brumas,
pratas, marfins, linhos, luares, e de adjetivos como alva, branca, clara. Mas
Cruz e Souza também expressou as dores e injustiças da escravidão em poemas
como Crianças Negras e Na Senzala.
A obra de Alphonsus de Guimaraens
é fundamentada pelos temas do misticismo, do amor e da morte. Em poemas como A
Catedral e A Passiflora, repletos de referências católicas, a religiosidade é o
assunto principal. O poeta também voltou-se para outro tema caro aos
simbolistas, o interesse pelo inconsciente e pelas zonas profundas e
desconhecidas da mente humana. Ismália, talvez seu poema mais conhecido,
tematiza justamente a loucura. O amor, em sua poesia, é o amor perdido,
inatingível, pranteado, como em Noiva e Salmos da Noite; reminiscências da
morte prematura da mulher que amou na juventude.
Gilka Machado "foi a maior figura
feminina de nosso Simbolismo", segundo o crítico Péricles Eugênio
da Silva Ramos. Seus poemas, de intenso sensualismo, chegaram a causar
escândalo, mas revelaram novas maneiras de expressar o erotismo feminino.
Emiliano Perneta também imprimiu forte sensualismo em seus versos,
característicos além disso pelo satanismo e decadentismo.
Sua poesia, para Andrade Muricy, é "a mais desconcertante
e variada que o simbolismo produziu entre nós". Já a obra de
Augusto dos Anjos - extremamente popular, diga-se de passagem - é única, e há
grande dificuldade entre a crítica para classificá-la. Seus poemas, que chegam
a ser expressionistas, recorrem a uma linguagem cientifista-naturalista,
abundante de termos técnicos, para tematizar a morte, a destruição, o
pessimismo e mesmo o asco diante da vida.
Referências
ARGAN,
Giulio Carlo. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos.
Tradução Denise Bottmann, Frederico Carotti; prefácio Rodrigo Naves. São Paulo:
Companhia das Letras, 1993. xxiv, 709 p., il. color.
BOSI,
Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 3.ed. São Paulo: Cultrix,
1997. 582pp.
CHALVERS,
Ian. Dicionário Oxford de Arte. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2.ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2001. 584 p.
LAGARDE, André & MICHARD, Laurent. XIXème siècle. Paris, Bordas,
1985, 578 pp. il. p&b. color. (Collection littéraire Lagarde et Michard)
LA NUOVA ENCICLOPEDIA DELL'ARTE GARZANTI. MILÃO: Garzanti Editore, 1986.
1112p. il. p&b, color.
Simbolismo
O
simbolismo me serve
Musicalidade
é marcante
Sinestesia
também
Subjetivismo
constante (2 x)
Misticismo,
mistério
Busca o
transcendente
Drastificar a
existência
Mergulhar no
inconsciente
A musicalidade
aparece
Devido às aliterações
“Vozes veladas,
veladas vozes
Volúpias, violões
O
simbolismo me serve
Musicalidade
é marcante
Sinestesia
também
Subjetivismo
constante (2x)
Cruz e Souza é
revolta
Tédio que causa dor
Obsessão pelo branco
O erótico e o amor
Ao usar os sonetos
Tende ao
Parnasianismo
A busca de paz pra
alma
Explora o Simbolismo
O
simbolismo me serve
Musicalidade
é marcante
Sinestesia
também
Subjetivismo
constante (2x)
Alphonsus de
Guimaraens
Acredite se quiser
Associa a Virgem
Maria
A figura ideal da
mulher
Fala do amor e da
morte
Temática de dor
Místico, religioso
Teve decepções no amor
Cruz e Sousa
Nascimento
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|
Morte
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Nacionalidade
|
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Ocupação
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|
Escola/tradição
|
Filho dos negros alforriados
Guilherme da Cruz, mestre-pedreiro, e Carolina Eva da Conceição, João da Cruz
desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o
Marechal Guilherme Xavier de Sousa - de quem adotou
o nome de família, Sousa. A esposa de Guilherme Xavier de Sousa, Dona Clarinda
Fagundes Xavier de Sousa, não tinha filhos, e passou a proteger e cuidar da
educação de João. Aprendeu francês,
latim
e grego,
além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu Matemática
e Ciências Naturais.
Em 1881, dirigiu o jornal Tribuna Popular, no qual
combateu a escravidão e o preconceito racial. Em 1883, foi recusado como promotor
de Laguna
por ser negro. Em 1885
lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias em parceria com Virgílio Várzea. Cinco anos depois foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como arquivista
na Estrada de Ferro Central do Brasil,
colaborando também com o jornal Folha Popular.
Em fevereiro de 1893,
publica Missal (prosa poética baudelairiana)
e em agosto, Broquéis (poesia), dando início ao Simbolismo
no Brasil que se estende até 1922. Em novembro desse mesmo ano casou-se com
Gavita Gonçalves, também negra, com quem teve quatro filhos, todos mortos
prematuramente por tuberculose, levando-a à loucura.
Morte Faleceu a 19 de março
de 1898
no município mineiro de Antônio
Carlos, num povoado chamado Estação do Sítio, para onde fora
transportado às pressas vencido pela tuberculose.
Teve o seu corpo transportado para o Rio de Janeiro em um vagão
destinado ao transporte de cavalos. Ao chegar, foi sepultado no Cemitério de
São Francisco Xavier por seus amigos, dentre eles José do Patrocínio, onde permaneceu até 2007,
quando seus restos mortais foram então acolhidos no Museu
Histórico de Santa Catarina - Palácio Cruz e Sousa, no centro de
Florianópolis.
Cruz e Sousa é um dos patronos
da Academia Catarinense de Letras,
representando a cadeira número 15.
Análise da
obra Seus poemas são marcados pela musicalidade (uso constante de aliterações),
pelo individualismo, pelo sensualismo,
às vezes pelo desespero, às vezes pelo apaziguamento, além de uma obsessão pela
cor branca.
É certo que encontram-se inúmeras referências à cor branca, assim como à transparência,
à translucidez, à nebulosidade
e aos brilhos,
e a muitas outras cores, todas sempre presentes em seus versos.
No aspecto de influências do
simbolismo[3],
nota-se uma amálgama que conflui águas do satanismo
de Baudelaire
ao espiritualismo
(e dentro desse, ideias budistas e espíritas) ligados tanto a tendências estéticas
vigentes como a fases na vida do autor.
Embora quase metade da
população brasileira seja não-branca, poucos foram os escritores negros,
mulatos ou indígenas. Cruz e Sousa, por exemplo, é acusado de ter-se omitido
quanto a questões referentes à condição negra. Mesmo tendo sido filho de
escravos e recebido a alcunha de "Cisne Negro", o poeta João da Cruz
e Sousa não conseguiu escapar das acusações de indiferença pela causa
abolicionista. A acusação, porém, não procede, pois, apesar de a poesia social
não fazer parte do projeto poético do Simbolismo nem de seu projeto particular,
o autor, em alguns poemas, retratou metaforicamente a condição do escravo. Cruz
e Sousa militou, sim, contra a escravidão. Tanto da forma mais corriqueira,
fundando jornais e proferindo palestras por exemplo, participando,
curiosamente, da campanha antiescravagista promovida pela sociedade
carnavalesca Diabo a quatro, quanto nos seus textos abolicionistas,
demonstrando desgosto com a condução do movimento pela família imperial.
Quando Cruz e Sousa diz
"brancura", é preciso recorrer aos mais altos significados desta
palavra, muito além da cor em si.
Acrobata
da Dor
Gargalha,
ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado, nervoso, ri, num riso absurdo, inflado de uma ironia e de uma dor violenta. Da gargalhada atroz, sanguinolenta, agita os guizos, e convulsionado salta, gavroche, salta clown, varado pelo estertor dessa agonia lenta ... Pedem-se bis e um bis não se despreza! Vamos! retesa os músculos, retesa nessas macabras piruetas d'aço... E embora caias sobre o chão, fremente, afogado em teu sangue estuoso e quente, ri! Coração, tristíssimo palhaço. |
Violões que choram
Ah!
plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento.
Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento.
Noites de
além, remotas, que eu recordo,
Noites da solidão, noites remotas
Que nos azuis da Fantasia bordo,
Vou constelando de visões ignotas.
Noites da solidão, noites remotas
Que nos azuis da Fantasia bordo,
Vou constelando de visões ignotas.
Sutis
palpitações a luz da lua,
Anseio dos momentos mais saudosos,
Quando lá choram na deserta rua
As cordas vivas dos violões chorosos.
Anseio dos momentos mais saudosos,
Quando lá choram na deserta rua
As cordas vivas dos violões chorosos.
Quando os
sons dos violões vão soluçando,
Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.
Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.
Harmonias
que pungem, que laceram,
Dedos Nervosos e ágeis que percorrem
Cordas e um mundo de dolências geram,
Gemidos, prantos, que no espaço morrem...
Dedos Nervosos e ágeis que percorrem
Cordas e um mundo de dolências geram,
Gemidos, prantos, que no espaço morrem...
E sons
soturnos, suspiradas magoas,
Mágoas amargas e melancolias,
No sussurro monótono das águas,
Noturnamente, entre ramagens frias.
Mágoas amargas e melancolias,
No sussurro monótono das águas,
Noturnamente, entre ramagens frias.
Vozes
veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
Tudo nas
cordas dos violões ecoa
E vibra e se contorce no ar, convulso...
Tudo na noite, tudo clama e voa
Sob a febril agitação de um pulso.
E vibra e se contorce no ar, convulso...
Tudo na noite, tudo clama e voa
Sob a febril agitação de um pulso.
Que esses
violões nevoentos e tristonhos
São ilhas de degredo atroz, funéreo,
Para onde vão, fatigadas do sonho
Almas que se abismaram no mistério.
São ilhas de degredo atroz, funéreo,
Para onde vão, fatigadas do sonho
Almas que se abismaram no mistério.
[...]
Ó
Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras
De luares, de neves, de neblinas!
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras
Formas do Amor, constelarmante puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas ...
Indefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes ...
Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
Do Sonho as mais azuis diafaneidades
Que fuljam, que na Estrofe se levantem
E as emoções, todas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem.
Que o pólen de ouro dos mais finos astros
Fecunde e inflame a rima clara e ardente...
Que brilhe a correção dos alabastros
Sonoramente, luminosamente.
Forças originais, essência, graça
De carnes de mulher, delicadezas...
Todo esse eflúvio que por ondas passa
Do Éter nas róseas e áureas correntezas...
Cristais diluídos de clarões alacres,
Desejos, vibrações, ânsias, alentos
Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
Os mais estranhos estremecimentos...
Flores negras do tédio e flores vagas
De amores vãos, tantálicos, doentios...
Fundas vermelhidões de velhas chagas
Em sangue, abertas, escorrendo em rios...
Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,
Nos turbilhões quiméricos do Sonho,
Passe, cantando, ante o perfil medonho
E o tropel cabalístico da Morte...
Alphonsus de Guimaraens
Nascimento
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Morte
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15 de julho de 1921 (50 anos)
Mariana, Minas Gerais |
Nacionalidade
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Brasileiro
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Ocupação
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Poeta
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Escola/tradição
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Alphonsus
Guimaraens, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães (Mariana,
24 de julho
de 1870
— Mariana, 15 de julho
de 1921)
foi um escritor
brasileiro.
A poesia de Alphonsus de
Guimaraens é marcadamente mística e envolvida com religiosidade católica.
Seus sonetos
apresentam uma estrutura clássica, e são profundamente religiosos e sensíveis
na medida em que ele explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão
e da inaptação ao mundo.
Contudo, o tom místico imprime
em sua obra um sentimento de aceitação e resignação diante da própria vida, dos
sofrimentos e dores. Outra característica marcante de sua obra é a utilização
da espiritualidade em relação à figura feminina
que é considerada um anjo,
ou um ser celestial, por isso, Alphonsus de Guimaraens é neo-romântico
e simbolista
ao mesmo tempo, já que essas duas escolas possuem características semelhantes.
Sua obra, predominantemente
poética, consagrou-o como um dos principais autores simbolistas do Brasil. Em
referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também chamado de
"o solitário de Mariana", a sua "torre de marfim do
Simbolismo".
Sua poesia é quase toda
voltada para o tema da Morte da Mulher amada.
Embora preferisse o verso decassílabo, chegou a explorar outras métricas,
particularmente a redondilha maior (terminado em sete sílabas métricas).
Biografia Filho de
Albino da Costa Guimarães, comerciante português, e de Francisca de Paula
Guimarães Alvim, sobrinho do poeta Bernardo de Guimarães.
Guimaraens Matriculou-se em
1887 no curso de engenharia. Um fato marcante em sua vida foi a perda prematura
da prima e noiva Constança, e a morte da moça abalou-o moralmente e
fisicamente.
Foi, em 1894, para São Paulo,
onde matricula-se no curso de Direito da Faculdade do Largo São Francisco,
voltou a Minas Gerais e formou-se em direito em 1894, na recém inaugurada
Faculdade Livre de Direito de Minas Gerais, que na época funcionava em Ouro
Preto. Em São Paulo, colaborou na imprensa e frequentou a Vila Kyrial, de José
de Freitas Vale, onde se reuniam os jovens simbolistas. Em 1895, no Rio de
Janeiro, conheceu Cruz e Souza, poeta do qual já admirava e tornou-se amigo
pessoal. Também foi juiz substituto e promotor em Conceição do Serro (MG). No
ano de 1927, casa-se com Zenaide de Oliveira. Posteriormente, no ano de 1922,
estreou na literatura com dois volumes de versos: Septenário das dores de Nossa
Senhora e Câmara Ardente, e Dona Mística; ambos de nítida inspiração
simbolista.
Em 1900 passou a exercer a
função de jornalista colaborando em "A Gazeta", de São Paulo. Em 1942
publicou Kyriale, sob o pseudônimo de Alphonsus de Guimaraens; esta obra o
projetou no universo literário, obtendo assim um reconhecimento, ainda que
restrito de alguns raros críticos e amigos mais próximos. Em 1903, os cargos de
juizes-substituto foram suprimidos pelo governo do estado, consequentemente
Alphonsus perdeu também seu cargo de Juiz, fato que o levou a graves
dificuldades financeiras.
Após recusar um posto de
destaque no jornal A Gazeta, Alphonsus foi nomeado para a direção do jornal
político Conceição do Serro, onde também colaboraria seu irmão o poeta
Archangelus de Guimaraens , Cruz e Souza e José Severino de Resende. Em 1906,
tornou-se Juiz Municipal de Mariana (do de sua esposa Zenaide de Oliveira, com
quem teve 25 filhos, dois dos quais também escritores: João Alphonsus e
Alphonsus Guimaraens Filho.
Devido ao período que viveu em
Mariana, ficou conhecido como "O Solitário de Mariana", apesar de ter
vivido lá com a mulher e com seus 15 filhos. O apelido foi dado a ele devido ao
estado de isolamento completo em que viveu. Sua vida, nessa época, passou a ser
dedicada basicamente às atividades de juiz e à elaboração de sua obra poética.
Ismália
Quando
Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho
em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…
E como um
anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…
As asas
que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…
http://www.youtube.com/watch?v=Xm2qqMlLX1Y
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…
Gilka Machado
Gilka Machado (1893 - 1980) na Brasiliana USP:
Gilka Machado (Rio de Janeiro, 1893-Rio de Janeiro,
1980) tinha sangue de artista nas veias: a mãe, Thereza Christina Moniz da
Costa, era atriz de teatro e de rádio-teatro; e a filha, Heros, seria bailarina
consagrada e pesquisadora das danças nativas brasileiras. Além disso, sua
família incluía poetas e músicos famosos. E a moça se casa com um artista: o
poeta, jornalista e crítico de arte Rodolfo Machado, em 1910, que morreria dali
a 13 anos, deixando a esposa com dois filhos, Heros e Hélios.
Desde criança Gilka faz versos. E com 13 anos ganha
concurso pelo jornal A imprensa, quando arrebata os 3 primeiros prêmios,
com poemas assinados com seu próprio nome e com pseudônimos. Mas só em 1915,
aos 22 anos, publica seu primeiro livro, Cristais Partidos. Seguem-se
outros, ao longo da década de 1920, como Estados d’Alma (1917), Mulher
Nua (1922), Meu Glorioso Pecado (1928), Amores que mentiram, que
passaram (1928).
No início dos anos de 1930 sua popularidade
aumenta, ao ter poemas traduzidos para o espanhol, tanto em antologia quanto em
volume com poemas só seus.
E no ano seguinte sua popularidade é testada:
ganha, com grande margem de votos, um concurso promovido pela revista O
malho, quando então é aclamada como a maior poetisa brasileira, selecionada
entre 200 intelectuais. Em seguida viaja para a Argentina, onde é recebida com
carinho pelo público leitor. Faz outras viagens ao longo da década de 1940,
para os Estados Unidos e para a Europa, além das que faz pelo interior do
Brasil.
Seus poemas foram também republicados em outros
volumes: os dois primeiros livros, em Poesias, de 1918; e alguns, escolhidos,
em Carne e Alma, de 1931, em Meu rosto, de 1947, e em Velha
Poesia, de 1965, antes que as Poesias Completas ganhassem duas
edições: em 1978 e em 1991.
Poderia ter sido a primeira mulher a fazer parte da
Academia Brasileira de Letras quando, após mudança do estatuto que proibia o
ingresso de mulheres, lhe teria sido possível candidatar-se, atendendo a
convite que lhe foi dirigido por Jorge Amado e apoiado por outros acadêmicos.
Mas recusou o convite. Recebeu, contudo, da Academia Brasileira de Letras, em
1979, o prêmio Machado de Assis, pela publicação do volume de suas Poesias
Completas. Encerra sua carreira com o poema “Meu menino”, escrito por
ocasião da morte do filho Hélios, ocorrida em 1976.
Como se pode perceber a partir dos títulos de seus
livros, sua poesia se detém nas experiências de uma intimidade sensível, que
manifesta, explicitamente, suas sensações, emoções e desejos eróticos. Aliás,
lembre-se que em 1916 faz conferência sobre “A revelação dos perfumes”... Para
expressar tais sensações, usa nos poemas um vocabulário inusitado: emprega, por
exemplo, a palavra “cio”. E mostra a mulher esvaída em sensualidade, numa
poesia que se constrói tanto segundo a rigidez formal de tradição parnasiana
quanto dando vazão às ondas de languidez que atravessam o seu verso à moda
simbolista. Daí uma reação dupla por parte do público, pois causa tanto a
admiração, por parte de uns, em que se incluem as mulheres que encontram aí uma
porta-voz na representação de experiências da intimidade, até então proibida,
quanto a rejeição severa por parte de uma crítica moralista conservadora. Para
os que a defenderam, como Henrique Pongetti, Humberto de Campos, Agrippino
Grieco, foi preciso separar a Gilka dos domínios da arte (a poeta) da Gilka dos
domínios da vida (mãe virtuosa), com o intuito de inocentá-la de uma
sensualidade pecadora.
Mas foi justamente por essa força reivindicadora
patente na mistura bem dosada de rigor formal e sensualidade ousada, que sua
poesia ganhou força e até hoje permanece, enquanto marco na história de
resistência à situação de alienação da mulher. Firmou-se, assim, como
precursora na luta pelos direitos de acesso à representação do prazer erótico
na poesia feminina brasileira.
Chuva de cinzas
na estática mudez da Terra triste e
viúva;
e, da tarde ao cair, sinto, minha alma, agora,
embuça-se na cisma e no torpor se enluva.
Hora crepuscular, hora de névoas, hora
em que de bem ignoto o humano ser enviúva;
e, enquanto em cinza todo o espaço se colora,
o tédio, em nós, é como uma cinérea chuva.
Hora crepuscular - concepção e agonia,
hora em que tudo sente uma incerteza imensa,
sem saber se desponta ou se fenece o dia;
hora em que a alma, a pensar na inconstância da sorte,
fica dentro de nós oscilando, suspensa
entre o ser e o não ser, entre a existência e a morte.
e, da tarde ao cair, sinto, minha alma, agora,
embuça-se na cisma e no torpor se enluva.
Hora crepuscular, hora de névoas, hora
em que de bem ignoto o humano ser enviúva;
e, enquanto em cinza todo o espaço se colora,
o tédio, em nós, é como uma cinérea chuva.
Hora crepuscular - concepção e agonia,
hora em que tudo sente uma incerteza imensa,
sem saber se desponta ou se fenece o dia;
hora em que a alma, a pensar na inconstância da sorte,
fica dentro de nós oscilando, suspensa
entre o ser e o não ser, entre a existência e a morte.
Vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=ashgQ27gt10 Definição - 5
http://www.youtube.com/watch?v=ashgQ27gt10 Definição - 5
http://www.youtube.com/watch?v=vrqp_OloJL4 Definição 2
http://www.youtube.com/watch?v=R02A_mF4KJw
Alphonsus De Guimaraens 2
http://www.youtube.com/watch?v=lmgdxm9sYPA
cruz e souza 5
http://www.youtube.com/watch?v=9_WZIu0bgYo
Simbolismo - Cruz e Souza 2
http://www.youtube.com/watch?v=5FM2G_jAIRw Baudelaire, Correspondencias