3 de fev. de 2013

Elementos da Comunicação e Funções da Linguagem


Elementos da Comunicação e Funções da Linguagem


 


O processo da comunicação

 

Em todo ato de comunicação estão envolvidos vários elementos:


1. Emissor ou remetente: é aquele que codifica e envia a mensagem. Ocupa um dos pólos do circuito da comunicação.


2. Receptor ou destinatário: é aquele que recebe e decodifica a mensagem.


3. Mensagem: é o conteúdo que se pretende transmitir.


4. Canal/Suporte/portador/veículo: é o meio físico pelo qual a mensagem é transmitida do emissor para o receptor.


5. Código: é um sistema de signos convencionais que permite dar à informação emitida (pelo emissor) uma interpretação adequada (pelo receptor).
A língua portuguesa, por exemplo, é um código; o sistema de sinais Morse é outro código. Mas, para que o processo comunicativo se realize a contento, o emissor e o receptor devem empregar um mesmo código, do contrário não haverá comunicação.


6. Contexto ou referente: ambientação, situação em que se dá o processo de comunicação.
Obs.: as atitudes e reações dos comunicantes são também referentes e exercem influência sobre a comunicação.

 


Língua, fala, níveis de fala, linguagem, gramática





1. Língua: é um sistema de signos que serve de meio de comunicação entre os membros de uma comunidade linguística. Os signos de uma língua substituem os objetos e os representam. Assim:



 




SIGNO LINGUÍSTICO = SIGNIFICADO + SIGNIFICANTE

 

O signo é o resultado de significado mais significante.

 

Signo = significado + significante

 

 

 
Significado: conceito
Significante: forma gráfica + som
 

 

 

Toda palavra que possui um sentido é considerada um signo linguístico.

 

Exemplo: “Livro” é um signo linguístico.



2. Fala: Denominamos fala ao uso que os membros da comunidade linguística fazem da mesma língua. Em outras palavras, ele é o ato concreto e individual das pessoas que se apropriam da língua comum e lhe imprimem um estilo particular de expressão.
Portanto, ao selecionar as palavras do código comum, sua cultura, seu meio ambiente, etc. Daí surge os chamados estilos próprios e níveis de fala.



3. Níveis de fala: Níveis de fala são os modos variados com que o individuo usa a língua, de acordo com o meio sociocultural em que ele vive. Nesse sentindo, distinguimos o nível comum do literário, o coloquial do formal e o popular do erudito.

4. Linguagem: Linguagem é a capacidade comunicativa que têm os seres humanos de usar qualquer sistema de sinais significativos, expressando seus pensamentos, sentimentos e experiências.

    Desse modo, desenhos, gestos, sons, cores, cheiro, onomatopéias, palavras, etc. são formas de linguagem. A linguagem é uma faculdade muito antiga da espécie humana e deve ter precedido os elementos mais rudimentares da cultura material.


5. Gramática: Finalmente, gramática é a descrição do sistema de uma língua, ou descrição da língua como sistema de meios de expressão. Como esse sistema é tríplice — fônico (de sons), mórfico (de formas), sintático (de frases) —, a gramática divide-se normalmente em fonologia, morfologia e sintaxe, ficando a estilística e a semântica como partes suplementares.



Texto: é uma unidade linguística concreta, percebida pela audição (na fala) ou pela visão (na escrita), que tem unidade de sentido e intencionalidade comunicativa.



Elementos Auxiliares na Construção do Sentido de um Texto -

O contexto discursivo.
Papel social dos interlocutores;
O conhecimento de mundo do interlocutor;
As circunstâncias históricas em que se processa a comunicação;
A intenção do locutor.



Discurso: é a atividade comunicativa capaz de gerar sentido desenvolvida entre interlocutores.


Texto + Contexto discursivo.
Intencionalidade Discursiva.

São as intenções, explícitas ou implícitas, existentes na linguagem dos interlocutores que participam de uma situação comunicativa.


Exemplo:
-Por favor! Me joga uma corda que eu estou me afogando!
- E além disso ainda quer se enforcar?
(Jô Soares, Veja, 20/05/92)

Na piada, o locutor, ao pedir uma corda, naturalmente deseja ser socorrido, prendendo-se a ela. O interlocutor, entretanto, interpreta sua pergunta como se o locutor desejasse se enforcar.
O humor é extraído do fato de as personagens não levarem em conta um princípio básico das interações verbais: a intencionalidade discursiva.



Funções Da Linguagem



1. Função Emotiva ou Expressiva

“ Posso te falar dos sonhos, das flores, de como a cidade mudou...
Posso te falar do medo, do meu desejo, do meu amor...
Posso falar da tarde que cai
E aos poucos deixa ver no céu a lua
Que um dia eu te dei”. (A lua que eu te dei/ Ivete Sangalo)

Características:
- o destaque é dado ao emissor

- suas principais características são verbos e pronomes em primeira pessoa
- presença comum de ponto de exclamação e interjeições
- expressão de estados de alma do emissor (subjetividade e pessoalidade)
- presença predominante em textos líricos, autobiografias, depoimentos, memórias



2. Função Conativa ou Apelativa



Características:  
- o destaque é dado ao receptor
- verbos no imperativo, verbos e pronomes na segunda ou terceira pessoas
- tentativa de convencer o receptor a ter um determinado comportamento;
- presença predominante em textos de publicidade e propaganda
- emprego da ambiguidade.



3. Função Referencial, Informativa ou Denotativa


Portinari: valorização do Brasil e da arte

 

    Filho de imigrantes italianos, Cândido Portinari nasceu no dia 30 de dezembro de 1903, numa fazenda de café nas proximidades de Brodósqui, em São Paulo. Com a vocação artística florescendo logo na infância, Portinari teve uma educação deficiente, não completando sequer o ensino primário. Aos 14 anos de idade, uma trupe de pintores e escultores italianos que atuava na restauração de igrejas passa pela região de Brodósqui e recruta Portinari como ajudante. Seria o primeiro grande indício do talento do pintor brasileiro.

Características:
- ocorre quando o destaque é dado ao referente, ou seja, ao contexto, ao assunto

- a intenção principal do autor é informar o leitor sobre a vida do pintor Portinari
- objetividade- linguagem direta, precisa, denotativa
- clareza nas idéias
- finalidade é traduzir a realidade, tal como ela é
- presença predominante em textos informativos, jornalísticos, textos didáticos, científicos; mapas, gráficos, legendas, recursos representativos

4. Função Metalinguística

Alvo. Sm. 1. Ponto a que se procura atingir com a arma; mira. 2. Fim. 3. A cor branca.

Características: 
- o destaque é dado ao código

- numa situação em que um linguista define a língua, observa-se que, para conceituar um termo do código, ele usou o próprio código, ou seja, definiu 'língua' usando a própria língua

- também ocorre metalinguagem quando o poeta, num texto qualquer, reflete sobre a criação poética

- quando um cineasta cria um filme tematizando o próprio cinema

- quando um programa de televisão enfoca o papel da televisão no grupo social

- quando um desenhista de quadrinhos elabora quadrinhos sobre o próprio meio de comunicação
- o exemplo mais definitivo desse tipo de função são as aulas de gramática, os livros de gramática e os dicionários da língua



5. Função Fática ou de Contato

- Alô, alô, marciano. Aqui quem fala é da Terra.Pra variar estamos em guerra.”
(Elis Regina)

Características:

- ocorre quando o canal é posto em destaque

- o interesse do emissor ao emitir a mensagem é apenas testar o canal

- o objetivo é prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a eficiência do canal, o que tem o mesmo valor de um aceno com a mão, com a cabeça ou com os olhos

- exemplo típico da função fática é a linguagem das falas telefônicas,  saudações e similares.

6. Função Poética

Ex1:
“Até onde existe amor
De quem assume esta sina
Viver é um vôo para a felicidade e a voz da verdade” (Daqui por diante/ Barão)


Ex2: “Deus ajuda a quem cedo madruga”.


Características:
- Ocorre quando a própria mensagem é posta em destaque, ou seja, chama-se a atenção para o modo como foi organizada a mensagem;
- Centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica.

- Valorizam-se as palavras, suas combinações;
- Exemplos de textos poéticos: além dos provérbios e letras de música, conforme citado, encontramos esse tipo de função em textos escritos em prosa, em slogans, ditos populares. Logo, não se trata de uma função exclusivamente encontrada em poesias.

Dica: É importante ressaltar que, em um mesmo texto, pode coexistir mais de uma função. Isso depende da intenção do emissor ao elaborar a mensagem

Características:

 


 


 

 

30 de jan. de 2013

Tipos de Gramáticas


 

Tipos de Gramáticas

 

 

     Quando alguém fala em Gramática geralmente se refere à Gramática Normativa e não sabe ou esquece que há outros tipos.

 

Ø          A Gramática Normativa é aquela que encontramos nas escolas e em cursinhos, e trazem a forma adequada de falar e escrever. É conhecida também com Prescritiva porque dita as regras, normas para o uso correto da linguagem. Privilegia a língua escrita em detrimento da oral e não admite a existência de outra variante que não seja a língua padrão, ou seja, a língua culta.

* Chama-se gramática normativa a gramática que busca ditar ou prescrever as regras gramaticais de uma língua, posicionando as suas prescrições como a única forma correta de realização da língua e categorizando as outras formas possíveis como erradas.

 
 

Ø     A Gramática Descritiva é aquela utilizada pelos estudiosos e tem o objetivo de descrever e registrar determinada variedade dialetal em um determinado tempo (análise sincrônica da língua). Além de analisar qualquer variedade existente, também privilegia a língua oral.

* A gramática descritiva ou sincrônica é o estudo do mecanismo pelo qual uma dada língua funciona, num dado momento, como meio de comunicação entre os seus falantes, e da análise da estrutura, ou configuração formal, que nesse momento a carateriza.A gramática descritiva propõe-se a descrever as regras da língua falada, as quais independem do que a gramática normativa prescreve como "correto"; Segundo Possenti, "é a que orienta, o trabalho dos linguistas cuja preocupação é descrever e/ou explicar as línguas tais como elas são faladas." Assim, diferentemente da gramática normativa, na gramática descritiva, as regras derivam do uso da língua.




Ø     A Gramática Internalizada é a competência linguística do falante de determinada língua. Essa Gramática seria a responsável pelo conjunto de regras que o indivíduo domina e que permite que ele use a língua de forma satisfatória em sua comunidade.

* A gramática implícita ou internalizada é definida como o conjunto de regras que o falante domina. É o conhecimento lexical e sintático-semântico que o falante possui e que permite que ele entenda e produza frases em sua língua.

A existência de uma gramática internalizada pode ser observada por dois fatos linguísticos: o primeiro é a criança produzir formas não usadas por falantes adultos. Por exemplo, é comum a criança utilizar a conjugação dos verbos regulares (comi, escrevi) para os verbos irregulares (fazi, trazi). Este fato demonstra que ela tem uma regra internalizada para o uso de verbos, porém, por não conhecer as exceções (os irregulares), aplica a regra a todos os verbos.

 

 

Ø      A Gramática Geral ou Universal é aquela em que há uma comparação do maior número de línguas com a intenção de detectar os fatos linguísticos que podem ser realizados e condições em que podem ocorrer.

 

* Gramática universal é uma teoria linguística da escola transformacional e generativa que afirma que determinados princípios comuns subjazem a todas as línguas naturais. Essa teoria vai além da gramática nocional - proposta por Otto Jespersen em 1922, no seu livro Language, its nature, Development and Origin -, da qual é herdeira, e defende que tais princípios são inatos . A gramática universal investiga, portanto, quais características linguísticas são comuns a todas as línguas do mundo - por exemplo, o fato de todas terem vogais (PERINI, 1976: 24). É uma gramática de base comparativa, que procura descrever e classificar todos os fatos que ocorrem universalmente em todas as línguas (isto é, os universais linguísticos) (TRAVAGLIA, 1998).

 

 

Ø      A Gramática Histórica é aquela cujo objetivo é o estudo de uma determinada língua, desde o seu surgimento até os nossos dias.


* A Gramática Histórica tem como objetivo os estudos da origem e evolução de um idioma, desde o seu aparecimento até os dias atuais. São os estudos Diacrônicos de uma língua

 

Referência bibliográfica:  
 

29 de jan. de 2013

Versificação


Noções Elementares de Versificação




Versificação é a arte ou técnica de escrever em forma de versos. Pode ser também o estudo dos recursos que constituem o poema.



Verso é cada linha de um poema, com um número determinado de sílabas e sonoridade harmoniosa entre as sílabas átonas e tônicas.

Veja:


Da tribo pujante

Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiro nasci:
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte,
Guerreiros, ouvi.

 

(Gonçalves Dias)

 

 

 

Andorinha
Andorinha lá fora está dizendo:
“- Passei o dia à toa, à toa!”
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa...


(Manoel Bandeira)

 

 

 

Os dois textos são composições poéticas em versos com estruturas diferentes.

No primeiro texto, há palavras cujos sons são semelhantes a partir da vogal tônica: pujante, errante e outras. Além disso, cada linha possui o mesmo número de sílabas e a 5ª sílaba de cada linha é a última sílaba tônica.


Esses são recursos de que o poeta Gonçalves Dias se utilizou par estruturar seu poema. Já Manoel Bandeira, autor do segundo texto, não usou nenhum desses recursos, mas nem por isso seu texto deixa de também ser um poema.


O uso de recursos como os citados com a finalidade de estruturar um poema chama-se versificação.



Os versos podem ser classificados em tradicionais ou livres.

 



São tradicionais quando possuem o mesmo número de sílabas e o espaço entre as sílabas tônicas ocorre no mesmo ritmo.

São livres quando os versos não possuem o mesmo número de sílabas; ou quando as pausas entre as sílabas tônicas são irregulares.

 



Vejamos dois exemplos

Ilusões

 

Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu;
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.
(Francisco Otaviano)


“Tu choraste em presença da morte?
Na presença da morte choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!”
( Gonçalves Dias )

 



Tanto os seis versos de Francisco Otaviano quanto estes quatro de Gonçalves Dias são tradicionais porque possuem o mesmo número de sílabas, e as pausas que dão ritmo a eles são regulares.

Observe, agora, um exemplo de versos livres que não possuem essas características:


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.

E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
( Carlos Drumonnd de Andrade)

A Estrofe

Estrofe ou estância: é o conjunto de versos de um poema e, de acordo com o número de versos que tenha recebe uma classificação.

* monóstico: estrofe de um verso;
* dístico: estrofe de dois versos;
* terceto: estrofe de três versos;
* quadra ou quarteto: estrofe de quatro versos;
* quintilha: estrofe de cinco versos;
* sextilha: estrofe de seis versos;
* sétima ou septilha: estrofe de sete versos;
* oitava: estrofe de oito versos;
* Nona: estrofe de nove versos;
* décima: estrofe de dez versos.

 



Vejamos um exemplo de dístico.

 

 

Poema do beco

Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
- O que eu vejo é o beco.


( Manoel Bandeira )

 

 



Estribilho ou refrão
Alguns poemas, no fim das estrofes, apresentam um verso ou um grupo de versos que se repete e que recebe o nome de estribilho ou refrão.

 


Roda viva

Tem dias que a gente se sente
como quem partiu ou morreu,
a gente estancou de repente
ou foi o mundo então que cresceu.

A gente quer ter voz ativa
no nosso destino mandar,
mas eis que chega a roda viva
e carrega o destino pra lá.

Roda mundo, roda-gigante
rodamoinho, roda pião,
o tempo rodou num instante (refrão)
nas voltas do meu coração.


A gente vai contra a corrente
até não poder resistir,
na volta do barco é que sente
o quanto deixou de cumprir.

Faz tempo que a gente cultiva
a mais linda roseira que há,
mas eis que chega a roda viva
e carrega a roseira pra lá.

A roda da saia, a mulata
não quer mais rodar, não senhor,
não posso fazer serenata
a roda de samba acabou.

a gente toma a iniciativa
viola na rua a cantar,
mas eis que chega a roda viva
e carrega a viola pra lá.
( Chico Buarque)


As estrofes podem ser simples ou compostas. As que contêm versos de uma só medida são chamados de simples. No exemplo a seguir, todos os versos são heptassílabos.

Observe:

Canção do amor perfeito
O tempo seca a beleza,
seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
desunido para sempre
comoasareiasnas águas
O tempo seca a saudade
seca as lembranças e as lágrimas.
Deixa algum retrato, apenas,
vagando seco e vazio
como estas conchas das praias.
(Cecília Meireles )


As compostas são as que associam versos maiores com menores. As combinações mais encontradas em nossa língua são:
· versos decassílabos com hexassílabos.

· versos decassílabos com octossílabos, hexassílabos ou
tetrassílabos.

· versos heptassílabos com trissílabos ou dissílabos.

Veja um exemplo do primeiro tipo de combinação:
“Debruçada nas águas dum regato ............( decassílabo)
A flor dizia em vão ...................................( hexassílabo)
À corrente, onde bela se mirava.................(decassílabo)
‘Ai, não me deixes, não!”...........................( hexassílabo)



Poemas de Forma Fixa


Existem poemas que têm forma fixa, isto é, obedecem a regras quanto ao número de estrofes e de versos e quanto à disposição das rimas. Dentre eles temos:

1.Balada: composto por três oitavas ou três décimas, que têm as mesmas rimas, seguidas de uma quadra ou quintilha.

2. Haicai: poema de origem japonesa, composto por três versos, sendo o primeiro e o último pentassílabos e o segundo, heptassílabo. Originalmente não possui rima; no Brasil Guilherme de Almeida adaptou-o com dois pares de rimas. Rimam o 1º com o 3º verso e a 2ª com a 7ª sílaba do segundo verso.

3. Rondó: formado de três estrofes: uma quintilha, um terceto e outra quintilha, com estribilho constante.

4. Sextina: composição de seis sextilhas e um terceto apresenta versos decassílabos.

5. Vilancete: composto por um terceto e duas oitavas.

6. Soneto: poema composto de catorze versos, sendo dois quartetos e dois tercetos, que apresenta, geralmente, versos decassílabos ou alexandrinos.

De todas essas formas, o soneto tem sido a mais cultivada na literatura, tanto na portuguesa quanto na brasileira.



O Metro



Metro é a extensão da linha poética, do verso. Na poética tradicional, há doze tipos de versos, de acordo com o número de sílabas poéticas que o verso possui:

monossílabos, dissílabos, trissílabos, tetrassílabos, pentassílabos, hexassílabos, heptassílabos, octossílabos, eneassílabos, decassílabos, hendecassílabos e dodecassílabos.

Paralelamente a essas denominações, certos versos podem receber nomes especiais:
# redondilha menor: versos de cinco sílabas ou pentassílabos;
# redondilha maior: versos de sete sílabas ou heptassílabos;
# heróico: versos de dez sílabas ou decassílabos;
# alexandrino: verso de doze sílabas ou dodecassílabos.

 

 

 

Sílabas Métricas

 

As sílabas métricas, também chamadas de poéticas, são as sílabas dos versos e têm uma contagem diferente da sílaba gramatical. Dividir o verso em sílabas métricas chama-se escandir.

Escandir um verso é dividi-lo em sílabas métricas. Veja a escansão dos versos a seguir:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
“Al / ma/ mi / nha/ gen / til,/ que / te/ par / tis/ (te)” esta sílaba não é contada ( Camões)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
“A / mor,/ que o/ ges/to hu / ma / no / na al / ma es/cre/ (ve) não conta
( Camões)

A contagem das sílabas métricas é feita auditivamente, obedecendo aos seguintes preceitos:



1. Não são contadas as sílabas métricas que se apresentam após a última sílaba tônica do verso. Veja o exemplo acima.



2. Os ditongos crescentes, em geral, têm o valor de uma só sílaba métrica:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
“- Co/mo/ fi/zes/te,/ por-/se a/ tal/ fe / ri / (da?) não conta a última
cia = uma sílaba métrica (ditongação)



3. Duas ou mais vogais átonas, ou tônicas, podem fundir-se em uma só sílaba métrica, quando se encontram no fim de uma palavra e início de outra:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
“A / mor,/ que o/ ges/to hu/ma/no/ na al/ma es/cre/ (ve)”ànão conta ( Camões)

Perceba a diferença entre a sílaba gramatical e a métrica ou poética: neste verso temos 15 sílabas gramaticais, mas só 10 sílabas poéticas. Veja acima.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
“A /mor,/ que /o /ges /to / hu / ma / no / na/ al /ma / es / crê / ve”


Licenças poéticas


Os poetas podem recorrer a vários processos fonéticos para que o metro seja perfeito. Os principais são:

1. crase: é a fusão de duas vogais numa só: mi/nha al/ma ( mi-nhal-ma).

2. elisão ou sinalefa: é a quebra de uma vogal átona final de uma palavra, quando a seguinte começa por vogal). Ex.: can/ta um ( can-tum).

3. ditongação: é a fusão de uma vogal átona final com a seguinte, formando ditongo. Ex.: gran/de a/mor (gran/dia/mor); cam/po al/ca/ti/fa/do ( cam-pual-ca-ti-fa-do).

4. Sinérise: é a transformação de um hiato em ditongo. Ex.: cru/el/da/de ( cruel-da-de); vi/o/le/ta ( vio-le-ta).

5. deérise: é a transformação de um ditongo em hiato. Ex.: sau/da/de ( sa-u-da-de); vai/da/de ( va-i-da-de).

6. ectilipse: é a queda de um fonema nasal final para que haja crase ou ditongação. Ex.: com o = (co); com os = (cós); com a = (coa); com as = (côas).

7. aférese:é a queda de fonemas ou sílabas iniciais. Ex.: inda
(em vez de ainda), ‘stamos (em vez de estamos)

8. síncope: é a queda de um fonema no meio da palavra. Ex.:
esp’rança (por esperança); dev’ria ( por deveria); per’la ( por pérola);

9. apócope: é a queda de fonema no fim da palavra. Ex.: mármor
(em vez de mármore); cárcer (por cárcere); val (por vale).

10. prótese: é o acréscimo de fonema no início da palavra. Ex. alevanta (por levantar); amostra (por mostra);

11. paragoge ou epítese: é o acréscimo de fonema no final da palavra. Ex.: mártire (por mártir); cantare ( por cantar);

12. diástole:é a deslocação do acento para a sílaba seguinte. Ex.: Cleopatra (em vez de Cleópatra);

13. sístole: é o inverso da diástole: deslocação do acento para a sílaba anterior. Ex.: rio (por Dario); calria (por calmaria); A sístole e a diástole recebem o nome genérico de hiperbibasmo;

14. metátese: é a transposição de um fonema na própria palavra. Ex.: vairo (por vário); rosairo (por rosário); trata-se de um recurso fonético pouquíssimo usado pelos poetas, que só para ele apelam quando desejam satisfazer as exigências de rima.

Todos esses recursos são usados pelos poetas, no verso tradicional, para que o metro seja perfeito. Convém observar que, no verso tradicional, a métrica é fixa: os versos de um poema terão cada um deles, de uma a dose sílabas poéticas. No verso moderno, a métrica é livre, isto é, cada verso pode ter o número de sílabas poéticas que o autor desejar. Em função disso, o ritmo também é estabelecido livremente, de acordo com a vontade do autor.
................................................

O Ritmo

 

O ritmo de uma poesia é estabelecido pela regularidade na sucessão de sílabas átonas e tônicas. É o ritmo que determina a melodia fundamental e indispensável na estrutura de um verso ou poema.

Há, portanto, necessidade de repetirem-se as sílabas tônicas, com pausas regulares entre elas, o que dá, ao verso, uma cadência mais musical e melodiosa.

Assim, de acordo com a métrica do verso, a sílaba tônica recai em determinadas sílabas poéticas, considerando-se os seguintes preceitos básicos:

1. Nos versos de uma a sete sílabas, a tônica recai sobre a última. Assim, em versos com três sílabas, por exemplo, deve haver acento tônico na terceira sílaba; em versos com seis sílabas, deverá haver acento tônico obrigatoriamente, na sexta sílaba. Vejamos os exemplos para esses casos:

Verso de uma sílaba: monossílabos


Pingo
d’água,
pinga,
bate
tua
goa!”


( Cassiano Ricardo)


Os versos dissílabos geralmente se empregam ao lado de outros, para obtenção de maior valor expressivo. Veja:

“Antiga
cantiga
da amiga
deixada.
Musgo de piscina
De uma água tão fina, ( versos de 5 sílabas)
Sobre a qual se inclina a 5ª é sempre acentuada.
A lua exilada.
Antiga
Cantiga
Da amiga
Chamada.”
(Cecília Meireles)



Versos de três sílabas: trissílabos

Versos trissílabos usados isoladamente são raríssimos na poesia brasileira. Quando ocorrem, costumam ser mais encontrados também em estrofes compostas, como os versos monossílabos e os dissílabos. Veja o exemplo:

“Agora sim
Café com pão ( versos de 4 sílabas)
Agora sim a 4ª é sempre tônica
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai se foguista
Bota fogo
Na fornalha
que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força”
Muita força”
( Manuel Bandeira)

Em nossa Literatura é este poema de Gonçalves Dias.
um dos exemplos de versos trissílabos mais conhecidos.

“Vem a aurora
pressurosa
cor-de-rosa
que se cora
de carmim;
a seus raios
as estrelas
que eram belas
têm desmaios
já por fim.”
(Gonçalves Dias)

Versos de quatro sílabas: tetrassílabos

“Noites perdidas,
não te lamento:
embarco a vida
no pensamento,
busco a alvorada
do sonho isento,
puro e sem nada,
- rosa encarnada,
intacta ao vento.”
(Cecília Meireles)

Versos de cinco sílabas: pentassílabos ou redondilha menor
Os versos pentassílabos são muito freqüentes nos poemas da
Literatura em Língua Portuguesa. Dão ritmo e leveza ao texto.

“Enfunando os papos,
saem da penumbra,
aos pulos os sapos,
a luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- ‘Meu pai foi à guerra!’
- ‘não foi!’ – ‘Foi!’ – ‘Não foi!’
(Manuel Bandeira)


Versos de seis sílabas: Hexassílabos

“O menino ambicioso
não de poder ou glória
mas de soltar a coisa
oculta no seu peito
escreve no caderno
e vagamente conta
à maneira de sonho
sem sentido sem forma
aquilo que não sabe."
( Carlos Drumond de Andrade)

Versos de sete sílabas: heptassílabos ou redondilha maior

O verso de sete sílabas é largamente usado na literatura em Língua Portuguesa. Dele serviram-se os poetas desde a Idade Média até os nossos dias.

“Belo belo minha bela
tenho tudo que não quero
não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto.”
(Manuel Bandeira)

A redondilha maior é também a medida preferida dos compositores de música popular brasileira. Observe:

“Estava à-toa na vida
o meu amor me chamou
pra ver a banda passar
cantando coisas de amor.”
(Chico Buarque)

“Caminhando contra o vento
sem lenço e sem documento
no sol de quase dezembro
eu vou.”
(Caetano Veloso)

Entre os poetas portugueses, a redondilha maior também é freqüente:

“Outros haverão de ter
O que houvemos de perder.
Outros poderão achar
O que no nosso encontrar,
Foi achado ou não achado
Segundo o destino dado.
(Fernando Pessoa)

2. Nos versos de oito a dez sílabas, além do acento tônico na última sílaba poética, deve haver outro que recaia no meio do verso. No entanto, se não houver sílaba tônica no meio, deverá haver duas outras que se distribuam da seguinte maneira:

a).verso de 8 sílabas: tônica na 8ª e na 4ª; ou tônica na 8ª e na 5ª;

b) verso de 9 sílabas: tônica na 9ª e na 4ª; ou tônica na 9ª, na 3ª e 6ª;

c) verso de dez sílabas: tônica na 10ª e na 6ª; ou tônica na 10ª, 4ª e 8ª .
Vejamos os exemplos para esses tipos de versos.

Versos de oito sílabas: octossílabos

Ó solidão do boi no campo,
ó solidão do homem na rua!
Entre carros, trens, telefones,
Entre gritos, o ermo profundo.”
( Carlos Drumond de Andrade)

“O samba, a viola, a roseira
um dia a fogueira queimou
foi tudo ilusão passageira
que a brisa primeira levou.
(Chico Buarque)

Versos de nove sílabas: eneassílabos

“Ó guerreiro da Taba sagrada,
Ó guerreiro da tribo Tupi,
Falam Deuses nos cantos da Piaga,
Ó guerreiros meus cantos ouvi.”
(Gonçalves Dias)


“Na tênue casca de verde arbusto
Gravei teu nome, depois parti.
Foram-se os anos, foram-se os meses,
Foram-se os dias, acho-me aqui.
( Fagundes Varela)
Versos de dez sílabas: decassílabos

Os versos decassílabos têm grande ritmo. São encontrados principalmente em poemas épicos e no soneto. Veja esse ex.:

“Dorme, ruazinha...É tudo escuro...
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los?
Dorme o teu sono, sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranqüilos...”
( Mário Quintana)

Nos versos de onze e doze sílabas, deve haver, além do acento tônico na última sílaba, outros assim distribuídos;

a) versos de onze sílabas: tônica na 11ª e na 5ª;

b) versos de doze sílabas: tônica na 12ª e na 6ª;

Veja a seguir exemplos desses versos:

Versos de onze sílabas: hendecassílabos

“Meus olhos são garços, são cor de safiras
- Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;
Imitam as nuvens de um céu anilado,
As cores imitam das vagas do mar!”
(Gonçalves Dias)

Versos de doze sílabas: dodecassílabos ou alexandrinos

É, quando ela passar, tudo o que eu não sentia
da vida há de acordar no coração, que vela...
E ela irá como o sol, e eu iremos atrás dela
Como sombra feliz... – Tudo isso eu me dizia.”
( Guilherme de Almeida)

Versos bárbaros

São aqueles que têm mais de doze sílabas. São bastante raros. Veja:

“Às vezes, quando à tarde, nas tardes brasileiras,
A cisma e a sombra descem das altas cordilheiras;
Quando a viola acorda na choça o sertanejo
E a linda lavadeira cantando deixa o brejo,
E a noite- a freira santa - no órgão das florestas
Um salmo preludia nos troncos, nas giestas.”
( Castro Alves)

..........................................

A rima

Rima é a semelhança de sons entre as palavras que se localizam no fim ou no meio de versos diferentes. Observe:

“Cambiando a luz em mil cores,
Deus – de infinitas facetas
Concebeu os Beija-flores,
As Rosas e as Borboletas.
(Maria Madalena Ferreira)

Donzela bela, que me inspira à lira
um canto santo de fremente amor.”
(Castro Alves)


Quanto à qualidade, as rimas podem classificar-se em:

1. Pobres: rimas formadas com palavras da mesma classe gramatical:
“Não acabava, quando uma figura” (substantivo)
Se nos mostra no ar, robusta e válida, ( adjetivo)
De disforme e grandíssima estatura; ( substantivo)
O rosto carregado, a barba esquálida. ( adjetivo)

2. Ricas: Rimas formadas com palavras de classes gramatical diferente:
“Alma minha gentil que te partiste
tão cedo desta vida descontente,
repousa lá no céu eternamente,
e viva eu cá na terra sempre triste.
(Luís Vaz de Camões)

3. Raras: formadas entre palavras para as quais há poucas rimas possíveis:

“Para que não ter por ti desprezo? Por que não perdê-lo?...
Ah, deixa que eu te ignore... O teu silêncio é um leque
Um leque fechado, um leque que aberto seria tão belo, tão belo,
Mas mais belo é não abrir, para que a Hora não peque...”
( Fernando Pessoa)

4. Preciosas: são rimas obtidas de forma artificial, construídas com palavras combinadas:

“Brilha uma voz na noute...
De dentro de Fora ouvi...
Ó Universo, eu sou-te
Oh, o horror da alegria
Deste pavor, do archote
De apagar, que me guia!”
(Fernando Pessoa)

Quanto à disposição, as rimas podem classificar-se em:


1. Encadeadas: rima de fim de verso com o interior do verso seguinte:


“Quando a alta noite n’amplidão flutua
Pálida a lua com fatal palor,
Não sabes, virgem, que eu por ti suspiro
E que deliro a suspirar de amor”
(Castro Alves)

2. Cruzadas ou alternadas: apresenta-se em versos alternadas:

Minha terra sem palmeiras
Nos longes de mim se faz
E morre pelas ladeiras
E desvãos o nunca mais.
(José Inaldo Alonso)


3. Intercaladas, interpoladas ou opostas: rimam os verso extremos de uma estrofe:

“Disse um dia Jeová
“Vai Colombo, abre a cortina
Da minha eterna oficina...
Tira a América de lá!
(Castro Alves)

4. Emparelhadas: sucedem-se duas a duas. Veja:

“- Dize, Juca Mulato, o mal que te tortura.
- Roque, eu mesmo não sei se esse meu mal tem cura.
- Sei rezas com que venço a qualquer mau olhado,
- Breves para deixar o corpo fechado.”
( Menotti del( Menotti del Pcchia)


5. Há, também, versos sem rima, chamados de verso brancos ou soltos:

“Nua, de pé, solto o cabelo às costas,
Sorri. Na alcova perfumada e quente,
Pela janela, como um rio enorme
De áureas ondas tranqüilas e impalpáveis
Profusamente a luz do meio dia
Entra e se espalha palpitante e viva.”
(Olavo Bilac)


Bibliografia


1 - Mesquita. Roberto Melo, Gramática da Língua Portuguesa, Saraiva, 3ª ed. 1995, São Paulo – SP.

2 – Sacconi. Luiz Antônio, Nossa Gramática, Teoria e prática, Atual Editora, 25ª ed., 1999, São Paulo – SP.

3. Paschoalin & Spadoto, Gramática, Teoria e Exercícios, FTD, 1989, São Paulo – SP.

4. Alonso. José Inaldo, Notas para a História de Magé, Ed. Do autor, 2000, Niterói – RJ.

5. Letras Itaocarenses, BALI, Nº 156, ano XIV – junho de 2003.